quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Primaveras em mim

Quando outonos quiserem me desnudar, devastando meu coração, semearei primaveras em mim para florescer ainda que sejam miúdas alegrias. Quando outonos quiserem me desfolhar, desertificando a alma, colherei primaveras com os olhos para cultivar cá dentro mudas de felicidade.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Saudade

Saudade é uma fita de seda que sai do coração enlaçando-se ao passado. Saudade é prender entre as mãos da memória aquele que partiu. Saudade é atar um nó no que passou para não esquecer. Saudade é uma amarra de ontens. 
Saudade é quando a ausência de alguém brinca de ser presença dentro da gente. Saudade é re-cor-dar, dar cor novamente àquilo que desbotou. Saudade é reescrever a história amarelecida. Saudade é duelar com o tempo.
Saudade é recusar-se a dar adeus. Saudade é seguir em frente olhando para trás. Saudade é cultivar recordações, podar esquecimento. Saudade é amar tudo o que foi.
O coração conjuga a saudade no pretérito-mais-que-perfeito. E amanhã a saudade é conjugada no futuro do pretérito.